Sem os filhos, idosos adotam cuidadores e celebram Dia dos Pais em abrigo - veja


Data especial, o Dia dos Pais é comemorado com união, almoço em família, presentes e momentos de conexão entre pais e filhos. No entanto, no Lar dos Idosos São Vicente de Paula, em Várzea Grande, os pais acabam passando essa data comemorativa longe dos filhos. Muitos não tem mais contato com os parentes e acabam "adotando" uma nova família entre os cuidadores, enfermeiros, assistentes sociais, voluntários e outros funcionários do abrigo. Para não deixar a data passar em branco, uma festa é realizada para celebrar o dia deles.

Uma das histórias que podem ser encontradas no abrigo é de Manoel Campos, de 75 anos. Ele está no lar há quatro anos e, nesse período, passou todos os Dias dos Pais longe da família. Ele conta que acabou criando um laço com as cuidadoras. "Eu tenho filhos, mas para mim eu não tenho ninguém. Ninguém me procura, me abandonaram. Só recebo a visita de dois irmãos. O Dia dos Pais eu passo com Deus", desabafa. 

O idoso, no entanto, não se deixa abater. Em meio à celebração antecipada pelo Dia dos Pais, realizada na sexta-feira (11) com direito à dança e muita alegria, ele conta que tem um amigo no abrigo que considera como um irmão e que considera as funcionárias do lar a sua nova família. "Eu e ele, nós comemos até comida no prato um do outro. É meu amigo de verdade. E das funcionárias eu gosto de todas, é só amor", declara.

Hoje eu não tenho o meu pai, mas vejo em cada olhar deles o olhar do meu pai. Por isso faço com amor. Não dá para preencher esse vazio que eles sentem. Mas dá para fazê-los sorrir

Sisley Costa, assistente social

Uma delas é a assistente social Sisley Marques da Costa. É o quarto Dia dos Pais que Sisley passa no Lar São Vicente de Paula e ela conta com orgulho da importância dos idosos na sua vida e como acabou adotando alguns como pais de coração.

"Eles precisam de atenção e, às vezes, olham e dizem que pareço a filha deles. Hoje eu não tenho o meu pai, mas vejo em cada olhar deles o olhar do meu pai. Por isso faço com amor. Não dá para preencher esse vazio que eles sentem. Mas dá para fazê-los sorrir", afirma.

A assistente conta que a maioria dos filhos acaba não visitando os pais, mas que ainda existem alguns que mantém contato. “Infelizmente, as famílias não vêm. Como assistente social, eu fico insistindo, ligando, mandando mensagem. Nós brincamos que não somos mais assistentes sociais e sim 'insistentes sociais'. Nem sempre temos a resposta que queremos, mas vale a pena tentar. Alguns, diante de tanta insistência, acabam buscando eles para passar o dia com a família e depois trazem de volta”, desabafa.

Sisley relata também que tem muitos dos idosos do abrigo como parte da sua família. “Eu às vezes levo um ou outro para passar o dia comigo na minha casa. Nós podemos fazer isso, temos aqui pais de coração. Isso pode dar alegrias para eles, mas nem sempre é o lugar que gostariam de estar, porque gostariam de estar junto da família de verdade”, afirma.

Por causa disso, os funcionários preparam uma festa para celebrar o Dia dos Pais para os idosos, com música, dança, lembrancinhas e muito carinho. "Chamamos os familiares, que nem sempre vêm, mas alguns acabam vindo para nos ajudar. Temos esse momento com música, dançamos com eles, conversamos para saber como estão, para dar alegria para eles", diz.





Fonte: Da redação
Data: 13/08/2023