Calor extremo piora saúde e sintomas de doenças neurológicas, alerta médico


calor intenso, com os termômetros acima de 40°C nas últimas semanas, pode causar uma série de desconfortos, como dor de cabeça, tontura e fraqueza. O neurologista José Alexandre Borges de Figueiredo, em entrevista especial ao Site, na sede do portal, explica como o calor excessivo pode atrapalhar na qualidade de vida e piorar os sintomas de doenças neurológicas e autoimunes, além de aumentar as conhecidas crises de enxaqueca.

Como o calor excessivo e as altas temperaturas nessa época impactam na saúde das pessoas, e principalmente, em quem já tem algumas doenças ou pré-disposição a doenças neurológicas?


O sol, de uma forma geral, é interessante porque ativa a vitamina D, importante na regulação do sistema imunológico. Porém, estamos vivendo um momento, em nossa cidade, de calor muito intenso e essa sensação térmica de temperaturas mais elevada acaba gerando uma piora em algumas situações, em pacientes com doenças neurológicas. Então você observa o paciente com maior fadiga, maior desconforto, com fraqueza, às vezes com tontura, alterações visuais, ou seja, muitas vezes confunde até com descompensações da própria doença, mas é o próprio calor.

Em doenças neurológicas de características autoimunes, principalmente, a gente observa que o paciente sofre mesmo, às vezes até com dificuldade de levantar da cama, fazer as atividade do dia a dia, como trabalhar, por exemplo.

Quais são as doenças que são, geralmente, mais impactadas ?

São principalmente as doenças autoimunes. Observamos que tem essa relação, do ponto de vista neurológico, com as doenças autoimunes que inflamam o sistema nervoso central e periférico. Dentro dessas doenças tem a esclerose múltipla, que é documentado esse fenômeno, chamado de Uhthoff, com a piora dos sintomas no calor intenso. Tem também a neuromielite óptica, a doença miastenia gravis e algumas outras adenopatias periféricas com características autoimunes.


Geralmente eu sempre digo aos pacientes: dor de cabeça não é normal. O que diferencia dentre as dores de cabeça é se a dor é a própria doença e não tem nenhuma outra causa especificamente, como por exemplo a enxaqueca, ou a dor de cabeça é um sintoma de uma doença mais crítica. Então essas duas situações que temos que observar. Como fazemos isso? Geralmente nos pacientes que têm dor de cabeça, que é proporcionada por alguma outra doença mais crítica, o paciente vai ter alguns sinais de alerta, como por exemplo: uma dor de cabeça que iniciou acima dos 50 ou 55 anos, é uma dor de cabeça que teve alguns outros sintomas associados, como febre, prostração, confusão mental, às vezes desmaio, crises de convulsão. Às vezes é uma dor de cabeça associada a uma paralisia de um lado do corpo, uma tontura persistente, febre.

Ou é uma dor de cabeça em pacientes que têm uma deficiência imunológica, pacientes que usam medicamentos que abaixam a imunidade. Já quando o paciente tem uma dor de cabeça relacionada a uma enxaqueca, a gente vai examinar o paciente.

Muitas vezes, ele não tem esses outros sinais de alerta. É muito importante caracterizar como é essa dor, se é uma dor de um lado, se é uma dor que pulsa, entre outras coisas. Baseado na classificação, na forma como o paciente descreve essa dor e no exame físico e neurológico, a gente vai avaliar em que grupo esse paciente pertence.

 





Fonte: Da redação
Data: 07/10/2023