A mãe da adolescente de 15 anos, acusada de incentivar o namorado de 14 anos a matar os próprios pais e o irmão de apenas 3 anos no Rio de Janeiro, ficou incrédula ao saber do envolvimento da filha. Segundo o delegado Matheus Soares, da Polícia Civil de Água Boa (MT), a mulher afirmou que a menina era “uma ótima filha” e não acreditava que ela pudesse estar ligada a tamanha violência.

“A mãe ficou muito abalada. Desde o primeiro contato, ela insistia que a filha era incapaz disso, sempre foi estudiosa, reservada e obediente”, relatou o delegado.

O triplo homicídio ocorreu no dia 21 de junho, após o adolescente carioca se revoltar com a proibição dos pais em viajar até Mato Grosso para conhecer a namorada. Durante a madrugada, ele pegou a arma do pai e matou o casal e o irmão pequeno, enquanto dormiam. Para ocultar os corpos, jogou todos dentro da cisterna da casa. A avó paterna registrou o desaparecimento da família, que só foi localizada quatro dias depois.

A investigação conduzida pelas polícias civis do Rio de Janeiro e de Mato Grosso concluiu que o casal de adolescentes planejou os assassinatos juntos. A menor mato-grossense, ao ser ouvida, confessou que acompanhou tudo em tempo real, por mensagens e áudios enviados durante a execução do crime. Ela chegou a dizer que estava orgulhosa do namorado: “Nunca pensei que alguém faria isso por mim”.

Durante as conversas analisadas pela polícia, foi descoberto ainda que o casal também pensava em matar a mãe da garota, já que ela poderia impedir o relacionamento. Em tom de brincadeira, a jovem chegou a sugerir empurrá-la da escada.

O relacionamento entre os dois jovens começou há seis anos, por meio de partidas online do jogo Fortnite. Eles nunca haviam se encontrado pessoalmente. A relação virtual se intensificou e, ao decidirem marcar o encontro, o garoto não recebeu autorização dos pais — o que motivou o plano macabro para que ele pudesse ir morar com a namorada em Água Boa, onde pretendia arrumar emprego em um mercado.

A mãe da adolescente, ao ser informada do caso, ficou ainda mais surpresa ao saber que a filha mantinha o relacionamento virtual mesmo sem ter celular há dois anos. Segundo ela, o aparelho foi confiscado após a filha ter sido flagrada trocando mensagens com outro rapaz. No entanto, a jovem continuava usando um notebook da família, onde mantinha contato com o namorado.

“Ela usava o computador da casa para conversar com o rapaz. Foi por ali que a investigação encontrou as mensagens e os áudios que comprovaram o envolvimento dela”, explicou o delegado Matheus Soares.

A adolescente foi apreendida e responderá por incitação ao crime. Ela será transferida nos próximos dias para o Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Case Feminino), em Cuiabá, antiga unidade do Pomeri. Já o menor carioca está apreendido no Rio de Janeiro.