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Conflito diplomático envolve liberdade de expressão, Brics e defesa de Bolsonaro; Brasil promete reagir com Lei da Reciprocidade
O ex-presidente dos Estados Unidos e pré-candidato à reeleição, Donald Trump, anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos EUA, com início previsto para o dia 1º de agosto de 2025. A medida é mais um capítulo da crescente tensão entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversários ideológicos que trocaram farpas nas últimas semanas.
Segundo Trump, a decisão seria uma retaliação à forma como o Brasil tem tratado a liberdade de expressão de empresas americanas e ao que chamou de "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro, declarado aliado do norte-americano. A tarifa foi formalizada em uma carta enviada a Lula na quarta-feira (9), mas o governo brasileiro decidiu devolvê-la, classificando-a como "ofensiva".
A embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, comunicou o retorno do documento ao encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar. O conteúdo da carta já havia sido publicado por Trump em sua rede social Truth Social.
Antes mesmo de receber oficialmente a carta, Lula reagiu pelas redes sociais:
“Qualquer elevação de tarifas de forma unilateral será enfrentada conforme estabelece a Lei da Reciprocidade Econômica. Soberania, respeito e defesa dos interesses do povo brasileiro orientam nossa política externa.”
Lula também rebateu diretamente as críticas à atuação da Justiça brasileira no caso Bolsonaro, lembrando que o país possui instituições independentes.
“O Brasil é soberano e não aceitará tutelas externas. Os processos em curso contra o ex-presidente estão nas mãos do Judiciário, e não cabem interferências estrangeiras.”
O anúncio de sanções ocorreu dias após a cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada no Brasil. Na ocasião, Trump usou redes sociais para ameaçar represálias a países que considera alinhados a “políticas antiamericanas”, sem especificar quais.
Além disso, o ex-presidente americano reiterou seu apoio a Jair Bolsonaro, afirmando que a forma como o Brasil trata o ex-mandatário é “uma vergonha internacional”.
“É uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente”, escreveu Trump na carta, referindo-se aos processos que Bolsonaro enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Trump alegou que os EUA acumulam prejuízos na relação comercial com o Brasil. No entanto, Lula contestou essa informação, citando dados do próprio governo americano:
“As estatísticas mostram superávit de US$ 410 bilhões em bens e serviços nos últimos 15 anos. A alegação de déficit não procede.”
A embaixadora Escorel também criticou a narrativa americana, afirmando que a carta traz “erros factuais” e distorce a realidade comercial entre os dois países.
Trump ainda comunicou a abertura de uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301 da legislação comercial americana, usada para punir práticas consideradas desleais. Ele acusou o país de impor barreiras tarifárias e não-tarifárias, além de dificultar o comércio digital com empresas dos EUA.
Apesar do tom duro, Trump deixou a porta aberta para uma reaproximação:
“Essas tarifas podem ser ajustadas, para mais ou para menos, dependendo da relação com o seu país. Se o Brasil abrir seus mercados, reconsideraremos.”
Durante discurso no encerramento da cúpula do Brics, Lula também criticou o comportamento de Trump nas redes sociais:
“É irresponsável ameaçar o mundo por rede social. Não aceitamos imperadores. Queremos cooperação entre iguais.”
E concluiu:
“Se impuserem tarifas, responderemos na mesma proporção. Soberania se respeita.”
Fonte: R7 Notícias/ Gazeta Digital
Data: 10/07/2025