27/10 - Bancos vão bloquear "contas laranjas" e de bets irregulares
Em 2022, o estado registrou o menor número de professores desde 2013: apenas 34.436

Em apenas cinco anos, o número de professores reduziu quase 30% em Mato Grosso. Em 2019, o Estado contava com 57 mil docentes e, em 2024, esse número caiu para 40.293. Neste dia 15 de outubro, Dia do Professor, profissionais da área falam sobre o amor, o abandono, a descrença e falta de incentivos para a profissão que já foi símbolo de prestígio. Dados demonstram que a crise na docência não é recente, mas se aprofunda a cada ano.
Em 2022, o estado registrou o menor número de professores desde 2013: apenas 34.436. Houve uma leve recuperação em 2023, com 35.124 docentes, e um salto mais expressivo em 2024, com 40.293. De 2015 a 2021, Mato Grosso manteve o número de profissionais acima de 47 mil entre os anos.
No cenário de incertezas que a profissão traz, a professora Dominga dos Santos Sobrinha, 46, fala sobre o que tem afastado e também o que ainda mantém tantos educadores na sala de aula. Docente de Língua Portuguesa, em Cuiabá, ela está na educação desde 2011 e afirma que a indevida valorização financeira tem levado profissionais a aumentar a carga horária de trabalho na busca por atender necessidades primordiais.
“Isso tem custado parte da saúde mental e da qualidade de vida”. A professora afirma que apesar da vocação e do amor, o percurso tem sido cada vez mais árduo e diz que o contato com os alunos é que mantém viva a paixão pelo ensino. “Gestos simples como desenhos, flores colhidas no caminho da escola e mensagens de gratidão renovam o ânimo de seguir em frente”.
SEM VALORIZAÇÃO
Número de professores em MT reduz 30% em 5 anos ‘Ser professora hoje exige força, paciência e muito amor pelo que se faz. Ainda assim, eu não me imagino em outro lugar’, destaca Isadora Wogel Apesar das dificuldades, acredita que a docência ainda é uma das mais belas formas de transformar a sociedade. “Não é fácil e alguns dias desassossegam a alma. Mas, para quem tem amor e propósito, vale a pena”.
MOMENTO DE AGIR
Ivete Santana de Barros, de 71 anos, com 32 anos de profissão, e apaixonada pelo magistério, alerta para o risco de “apagão” de profissionais nos próximos anos. “Vim de berço de educadores. Minha mãe foi professora por muitos anos, cresci nesse meio, amando ser educadora”, conta Ivete, que reconhece que, apesar do amor, ser professor hoje já não é mais uma boa opção. “Os tempos são outros e é cada vez mais desafiador iniciar ou se manter na carreira”, lamenta. Dona de uma escola em Cuiabá, para ela o problema é multifacetado e envolve formação precária, mudança na estrutura familiar e no entendimento com a escola, perda de autonomia dos professores em sala de aula e o impacto da internet. “Temos cada vez mais faculdades rasas, que não formam bons profissionais e o professor perdeu espaço e autoridade dentro da escola. Tudo isso, somado à influência da internet, cria um cenário muito difícil de administrar”. Apesar da descrença, especialmente na área da pedagogia, ela defende que ainda é possível reverter esse quadro, com investimento, valorização e políticas públicas efetivas. “O amor pela profissão continua existindo, mas só ele não é suficiente. É preciso agir agora, antes que falte quem queira ensinar”.
EVASÃO DOS CURSOS
O desinteresse pela docência tem refletido diretamente na evasão dos cursos de licenciatura. Turmas esvaziadas, queda nas matrículas e jovens cada vez mais desmotivados. “O cenário é crítico, especialmente nas licenciaturas de Matemática, Física e Química, que mal conseguem formar uma turma completa”, afirma o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e doutor em Educação, Silas Borges Monteiro. Segundo ele, além dos baixos salários, há um descrédito social em relação ao papel do professor, o que afasta novos talentos.
Mesmo entre os formados, muitos abandonam o magistério e migram para outras áreas. Mas na contramão do desânimo que tem afastado profissionais da sala de aula, há quem está apenas começando. Isadora Wogel, 22 anos, é professora de Inglês e estudante de Filosofia e desde pequena sonhava em ensinar. “Na escola, eu era aquela aluna que ajudava os colegas a entenderem melhor o conteúdo”. Hoje, transformou essa vocação em profissão e já colhe as pequenas recompensas do caminho que escolheu.
“O que me motiva a ser professora é ver o entendimento nascer no rosto dos alunos, aquele momento em que eles realmente ‘pegam’ a ideia. E, claro, a gratidão que muitos demonstram, mesmo que sejam poucos, faz valer a pena”. Isadora acredita que ensinar vai além de transmitir regras e conteúdo e reconhece que o caminho não é fácil. “Ser professora hoje exige força, paciência e muito amor pelo que se faz. Ainda assim, eu não me imagino em outro lugar. Ensinar é o que me move”.
Fonte: Jornal A Gazeta
Data: 15/10/2025